Era véspera de natal. Todos no jardim do bosque estavam muito animados, pois iriam assistir ao Auto de Natal. Todos menos uma pequenina borboleta escondida no roseiral.
O grilinho que era metido a conselheiro se aproximou:
- Cri cri! Bom dia Dona borboleta pequenina! A senhora não vai se aprontar para a festa? Está quase na hora...
-Não, Senhor Grilo. Obrigada, mas eu prefiro ficar aqui!
A joaninha parecia árvore de natal, pois era verde com bolinhas vermelhas. Nesse dia se sentia muito importante. Também foi falar com a borboleta:
- Olá Dona Borboleta! Como estou? Acho que estou parecendo uma árvore de natal, não acha? E a senhora? Não vai se aprontar?
- Não, não! Obrigada, mas eu preciso ficar em casa mesmo!
Afinal, por que a borboleta nunca saía de casa e não queria ir nem a festa de natal? Todos os anos era a mesma coisa, só a borboleta não ia à festa. O vaga-lume, que era sentinela e tudo observava, tinha ouvido do primo do primo do seu primo, que era sentinela do outro lado do bosque, esta história da borboleta.
-Dizem que ela ficou assim depois de sua metamorfose. Pois quando era lagarta sonhava em ser uma grande borboleta, com asas grandes, toda colorida. Mas quando saiu do casulo, coitadinha! Viu-se transformar em uma borboleta pequenina, feiticeira, toda cinzenta... A pobre então, passou a viver escondida no roseiral, com vergonha de sua feiúra!
Um coral de canarinhos do alto de uma árvore, animados e comovidos com o espírito natalino, resolveram cantar para a borboleta. Quem sabe com uma boa música ela não se animaria?
-Borboleta pequenina saia fora do rosal! Venha ver quanta alegria que hoje é noite de natal!
A borboleta então também cantando respondeu aos canarinhos:
-Eu sou uma borboleta pequenina e feiticeira. Ando no meio das flores procurando quem me queira.
Mas nada fez, não se moveu e continuou triste e só.Os canarinhos desistiram e voaram para a festa.
Mas aquela música parecia ter tocado a borboleta. O tempo foi passando, a noite caiu e ela foi pensando:
- Ah! E se eu ficar bem de longe escondida no meio da multidão? Talvez ninguém perceba! É isso! Vou ficar escondida! Deve ser lindo o teatro, com um cenário maravilhoso, um palácio com certeza, e um berço de ouro com muito luxo e riqueza. Grandiosos figurinos para os personagens que vão visitar o menino, reis príncipes, só gente importante como convém ao filho de Deus!
Chegando na praça ela se escondeu bem no alto para que pudesse ver tudo sem ser vista. Mas ao iniciar o auto! Que surpresa!
-Não pode ser Maria e José! Os pais de Jesus chegam em um jumentinho? E Jesus nasce em um estábulo cercado de ovelhas e bois? Quem são esses simples pastores? Como podem chegar perto do Menino Deus?
Era como se a borboleta saísse de seu casulo e nascesse de novo, pois descobrira que o filho de Deus nasceu humilde num lugar muito simples, sem cores, nem grandeza como ela própria se sentia. Ela compreendeu que o filho de Deus e o natal são para todos!
O auto chegava ao fim, e ela ouviu o narrador dizer:
- Bem aventurados os feios, os pobres, os doentes e abandonados. O Natal existe para trazer esperança aos aflitos, perdão aos pecadores, alegria aos tristes e consolo para os que sofrem.
A pequena borboleta saiu do esconderijo e nasceu para a vida.
- Olha, olha! Uma procissão de crianças, vestidas de anjos, e elas estão voando como eu! Quantas fitas, flores e cores! Eu quero cantar, dançar e anunciar que é natal. É natal! É natal!
Enquanto isso, a procissão das crianças seguia cantando:
Borboleta pequenina!
Venha para nos saudar!
Venha ver cantar o hino que hoje é noite de natal
Conto de Lenise Freitas escrito a partir da música folclórica Borboleta Pequenina criado especialmente para o Programa Zé Zuca e a Rádio Maluca, da Rádio Nacional Rio de Janeiro em Dezembro de 2004.
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