terça-feira, 23 de novembro de 2010

Vídeo Aprovados pelo Fogo

Este vídeo foi produzido pelo selo Guarda-Roupa da Fé, para a abertura da Conferência Jovem Aprovados Pelo Fogo, da Igreja Verbo da Vida do Rio de Janeiro.
Confira:




Felipe Aguiar

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Eu não me dei conta...

Eu cumpria muito bem o meu papel de crentizeu benzecostal. Sou da 4a geração de pastores na minha família. Temos o orgulho de ter fundado a primeira Igreja benzecostal do estado. Todos os domingos vamos à Igreja para os cinco cultos. Somos pessoas de bem, muito cuidadosas com a nossa imagem e reputação.

Muito diferente daquele rapazinho que apareceu por esses dias. Vindo lá do interior da Bahia, de uma cidade que não sei nem o nome, ele começou a fazer barulho por lá, até chegar aqui na cidade. Pode realmente sair alguma coisa boa daquele fim-de-mundo? Tudo que ele falava dava problema. E nós crentizeus ficamos muito preocupados com suas atitudes. Perdemos até alguns membros da nossa igreja lá que decidiram vir com ele para a cidade. Claro, não deixamos barato, e excluímos todos eles. Onde já se viu? Sair por aí atrás de qualquer ventinho de doutrina...

Ainda mais de alguém que claramente não tem um bom comportamento. O cidadão foi pego em flagrante numa boate gay! Vê se pode! O indivíduo sabe que os crentizeus não se dão com os homossexuais! Ainda pediu guaraná pra alguém. Dizem até que ele ofereceu uma bebida pra aquela depravada, prometendo que ela não ia ter mais sede... Ha!

E o negócio ficou mais sério, quando um fiscal do INSS chegou pra ele cobrando o pagamento do imposto de renda. Além de tudo ainda é ladrão! Só que ele deu um jeito lá, e conseguiu o dinheiro na hora pra pagar. Meu Deus do céu, tem misericórdia, Pai! Não aguento com gente que vem pra desviar as pessoas.

Depois da imprensa local ficar sabendo do caso, fomos chamados a participar de um debate. O tema era: apedrejamento em caso de adultério. Quando cheguei na rádio, percebi que uma coisa ele tinha de bom. Ao menos era inteligente. As suas respostas intrigavam as pessoas, e os bobos de mente pequena ficavam maravilhados com suas idéias. Eu não fiquei, porque suas doutrinas não chegam nem aos pés dos livros que a minha família (meus avós e meu pai) escreveram sobre a religião. No final de tudo, ele ainda teve coragem de chamar os teólogos de "raça de víboras"! Isso eu não aguentei.

Chamei uns rapazes da Igreja pra dar uma dura nele. Além disso, entramos com um processo por formação de quadrilha. Era óbvio que ele queria atrair gente pra dar dinheiro pra ele. Claro que ele tinha que disfarçar, e até quebrou uma vendinha numa igreja por aí, dizendo que o templo não era pra ser um comércio! Quebrou os CDs, os DVDs, os livros... Depois é que descobrimos de onde vinha o dinheiro que ele usava. Era tudo legal, de pessoas das mais variadas.

Mas o processo foi à frente. Até a segunda instância, conseguimos avançar com a pena. Queríamos a pena máxima: pena de morte! No tribunal supremo, foi decidido que ele seria julgado por júri popular. E o povo decidiu: pena de morte! Sem saber o que fazer, o seu grupo de espalhou pelas cidades vizinhas. No jornal, havia uma pequena comoção entre alguns grupos da cidade. Alguns relatavam que foram curados, outros foram libertos de demônios... Mas aposto que ele expulsava os demônios por Belzebu. Não tinha outra explicação. E, claro, as curas eram inventadas... Não existe isso, ficar por aí curando as pessoas. Blasfêmia!

Na manhã seguinte, acordei alarmado. Era uma notícia no jornal que estava causando rebuliço em toda parte. Faziam três dias que não se falava em outra coisa! Meu Deus, está na hora desse indivíduo sumir do mapa! Sumir da nossa memória! Passou!

Mas a manchete no jornal me fez rever tudo que eu tinha aprendido até agora:


"Homem ressuscita após três dias entre os mortos."
"Cidadão de Nazaré, cidade do interior, arrebata o coração de multidões com curas miraculosas e um discurso convincente. Será ele o Enviado, ou apenas um falso profeta?"


Felipe Aguiar