sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O show mais lucrativo da nossa história

Eu não sabia o que fazer. O que dizer à minha esposa, aos meus filhos. E, ainda mais, a todos os que tinham saído de suas casas para virem comigo. Ninguém esperava aquilo. Oramos, pedindo que a situação se resolvesse.
Algumas semanas antes eu recebo uma ligação. Era um grande produtor de eventos na Argentina. Ele me diz que gostava muito do meu trabalho, e que tinha todos os meus CDs. Fiquei impressionado, mas a imagem ficou abalada quando perguntei qual era sua música favorita. Ele não soube me responder.
A seguir, ele começa a tratar com minha esposa as questões burocráticas, e tudo que envolvia realizar um grande show na maior casa de espetáculos de Buenos Aires. Ele queria a banda completa, toda a estrutura de som e luz. Em outras palavras, seria a maior apresentação de nossa história. Minha esposa ficou muito animada, e reservou a data que ele queria em nossa agenda. Seria uma ótima oportunidade de tocar para aquele público que tanto gostava de nós. Há bastante tempo não tocávamos em Buenos Aires, aliás, ainda não tínhamos lançado nosso novo álbum quando tocamos lá pela última vez. Todos ficamos animados. A notícia logo se espalhou, e os ensaios gerais começaram.
Preparamos um show especial. Tocaríamos músicas novas, do novo disco, e também músicas dos outros, incluindo muitas do nosso disco de natal, que lançamos dois anos atrás. A decoração envolvia temas natalinos, como a árvore de Natal que minha esposa desenhou para o centro do palco. Ficou tudo muito bonito. No dia anterior ao show, bem cedinho, embarcamos no ônibus da turnê para a viagem. Seria uma viagem longa, de mais de 8 horas, mas nada que algumas boas conversas e muitas brincadeiras não fizessem encurtar o tempo. Nos sentíamos uma família, acho que essa é a melhor palavra para descrever o clima da viagem.
Quando chegamos a Buenos Aires, fomos direto para a casa de espetáculos. Montamos o equipamento, e nos preparamos para o ensaio final. Tudo correu muito bem, melhor até do que esperávamos. No finalzinho do ensaio, minha esposa recebe uma ligação. Pela expressão na sua face, percebi que não era algo bom. Quando terminamos a última música, perguntei a ela o que acontecera. Ela, com lágrimas nos olhos, disse:
“O produtor quer cancelar o show”
Palavras são poucas pra expressar a frustração que todos sentimos. Não sabíamos o que, naquela história, era verdadeiro e o que era falso. O que foi prometido a nós não foi cumprido, e agora havia uma decisão a ser tomada. Conversamos com o dono da casa de espetáculos por um longo tempo, e ele nos disse que conhecia nosso trabalho. Na verdade, era um grande fã da nossa música. E por isso havia concordado em cobrar tão pouco pelo aluguel do lugar. Com muito pesar, ele se despediu de nós, e disse:
“É uma pena que você não vai fazer o show. O aluguel já está pago, mas o produtor não vai conseguir arcar com os custos da sua banda.”
Não acreditei no que ouvi. No final, o dinheiro ainda tomava conta de tudo! Me indaguei se aquilo era mesmo o propósito do que eu fazia. Conversei com minha esposa, com minha banda, e chegamos a uma conclusão: iríamos fazer o show de graça!
Sabendo disso, o dono da casa de espetáculos ficou impressionado. E conseguiu um contato na rede local de televisão, e o show foi anunciado no horário nobre. A entrada era gratuita, queríamos que todos tivessem acesso ao que tínhamos preparado.
Dia do show, tudo pronto, chegamos a tempo de ver as filas se formando do lado de fora. Havia gente por todos os lados. Famílias inteiras, crianças, idosos, todos ali para participar daquele momento especial. Foi o público recorde da história daquela casa de shows. Nunca antes a cidade de Buenos Aires havia visto nada parecido.
Aquele show foi especial para nós. A música que fizemos vinha do coração. Muito mais do que o dinheiro que poderíamos ter recebido, o nosso salário ali foi algo muito maior que o dinheiro. Foi o sorriso daquelas crianças quando acendemos as luzes da árvore, foi o abraço do casal e de seus filhos na hora das músicas de natal, foi o encantamento do casal de idosos que não assistiam a algo parecido há muitos anos. Enfim, o nosso salário naquela noite foi o mais alto de nossa vida inteira...

Felipe Aguiar
Inspirado no incidente acontecido com Coalo Zamorano e Alex Campos, que fizeram um show gratuito após o mesmo ter sido cancelado.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Meio litro de sangue

Olá, leitores do Guarda-Roupa!
Depois de bastante tempo sem novidades, estamos de volta!
Com todo fôlego!
Espero que gostem!


"Eu preciso de um tempo para pensar..."

Foi com essa frase que nosso pequeno Timothy causou estranhamento a todos nós. Ele tinha apenas oito anos, mas sempre pareceu precoce, à frente do seu tempo. Aos cinco anos de idade, estava escrevendo suas primeiras palavras, e foi um dos primeiros de sua classe a aprender a ler. Mas, agora, essa frase parecia tão inapropriada...

Naquele dia, a irmã mais nova, nossa filhinha Judith, sofreu um acidente grave em casa. Com apenas dois anos e meio, acabou de aprender a andar, e já queria correr. Quis descer a escada correndo, apesar de todas as nossas restrições quanto a isso. A queda foi feia, e ela perdeu muito sangue.
Seria preciso mais do que o estoque do hospital fornecia. O sangue de Judith era de um tipo difícil, e nenhum de nossos conhecidos dentro de um raio de 100km estava disponível ou era compatível...

Explicamos a situação para Timothy, de que sua irmã estava num estado grave, e que precisávamos que ele fizesse um teste sanguíneo. Ele tinha grandes chances de ser compatível, afinal era filho dos mesmos pais... 

Ele concordou, sem hesitar: "Claro! O que vai precisar, mamãe?"

"Vai ser somente uma picadinha de mosquito no dedo, querido. Não vai doer quase nada..."
Bem, como esperávamos, seu sangue era compatível. Mas a situação de Judith havia se agravado. Bem tarde da noite, ela teve uma outra hemorragia. Ela precisaria agora, de uma transfusão direta. Não era como é feito hoje, precisava ser transferido direto para ela, era a tecnologia que tínhamos na época, naquela cidade do interior...

Perguntamos ao Timothy: "Você aceitaria, filho, transferir seu sangue para a sua irmãzinha?"
E ficamos surpresos com a resposta: "Eu preciso de um tempo para pensar... Posso dar a resposta amanhã de manhã?"

De boca aberta, sem saber o que fazer, fomos para casa. Passamos boa parte da noite tentando contactar alguns amigos que poderiam ser compatíveis, mas não encontramos. Já era bem tarde, e quase não conseguimos dormir. Todos acordamos bem cedo, inclusive o Timothy.
Ele foi o primeiro a puxar o assunto enquanto corríamos com o café para ir de volta ao hospital:

"Mamãe, já decidi, vou doar meu sangue para a Judith"

Respiramos aliviados, e explicamos a ele que aquela atitude salvaria a vida da sua irmã. Ele disse: "Eu sei, mamãe. Eu gosto da Judith. Ela precisa viver..." E nos abraçou como se fosse a última vez...

Nosso pequeno menino, meio temeroso por causa de tantos equipamentos, sentava-se imóvel na cadeira da sala do hospital. Ainda com medo, fechou os olhos quando chegou a hora de colocar a agulha. Abriu rapidamente, mas voltou a fechar quando viu que o sangue estava saindo de suas veias. Apertou os olhos...

Enquanto isso, conversávamos com o médico. Ele nos dizia que havíamos demorado para fazer a transfusão, mas que as chances eram boas, já que havíamos encontrado um doador compatível. Nos assegurou que uma transfusão de sangue resolveria o caso da hemorragia, e então tudo estaria resolvido dentro de alguns dias. Explicamos que o Timothy tinha pedido um tempo para pensar, mas o médico parecia não acreditar que tínhamos pedido a opinião dele para um assunto tão grave! Dissemos que preferíamos assim...

Timothy continuava com os olhos fechados. A transfusão ocorrendo. Pensou na sua irmãzinha... Pensou nos seus pais... Pensou de novo na Judith, e nos momentos felizes no jardim brincando e fazendo piqueniques...

Depois de alguns minutos, o médico tocou seu braço silenciosamente, despertando-o do seu "estado de nervos". Ele, ainda nervoso fez a pergunta que fez toda a diferença para nós:

"Vai demorar quanto tempo pra eu começar a morrer?"

Então, entendemos tudo...

Felipe Aguiar

Adaptado de uma história contada por Jack Kornfield, no livro "Palavra por Palavra", de Anne Lamott

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Alguns cachorrinhos

          Era uma manhã de terça-feira. Estava a caminho do trabalho, em uma movimentada rua do Rio de Janeiro. A cidade em obras, um fluxo intenso de carros passava por aquela avenida tão tumultuada. Pessoas com pressa, pessoas mal-humoradas, pessoas individualistas. Eu estava pensando nos meus problemas, nos dilemas que fazem parte da vida de qualquer ser humano. Mas, em especial, uma coisa me incomodava. Na noite anterior, havia recebido o aviso prévio no meu emprego. Estava demitido...
        Uma cena, porém, me chama atenção. No meio de tantos arranha-céus e tantas construções por terminar, vejo uma cadela atravessando a rua, em meio a carros em alta velocidade. E mais, ela estava acompanhada de cinco filhotinhos, que a seguiam, atordoados com tanto barulho e movimento.
          Aqueles cachorrinhos estavam tão aflitos que pareciam não se mover. A sua mãe, uma cadela bonita e forte, atravessava a rua sem problemas, mas voltava seguidas vezes para buscar seus filhotes. Aqueles poucos segundos pareciam uma eternidade para aquelas criaturinhas, esmagadas de um lado e de outro pelos carros que passavam buzinando.
         Em meio a aquilo tudo estava eu. Distraído com o trânsito, eu estava pensando nas várias tarefas que deveriam ser feitas naquele dia, sem atrasos. Sem perceber, cheguei perto demais daqueles cachorrinhos, que se assustaram com o meu carro. Imediatamente, liguei as luzes de alerta, e freiei o carro, tomando cuidado para não causar um acidente. E foi aí que a confusão começou...
         O carro que vinha atrás, um outro motorista apressado, começa a buzinar e a piscar os faróis em minha direção. O barulho causava ainda mais medo nos cães, que latiam bem baixinho, pedindo por socorro. Aos poucos, eles foram se afastando da mãe, e se colocavam em pior situação ainda. Como não sabia o que fazer, saí do carro para tentar ajudar. O motorista de trás continua buzinando, e quando vê que saí do carro, tira o cinto de segurança, mostrando intenção de querer sair do carro também. Algumas palavras ininteligíveis saíram de sua boca, e sua face foi tomada por uma expressão de ódio e violência. Ele saiu do carro querendo tomar satistações comigo, procurando saber o porquê de eu estar atrapalhando todo o trânsito do local.
        Mas, não me dirigi a ele. Naquele momento, me dirigi aos cachorrinhos que atravessavam a rua. Quando o outro motorista viu que não me dirigia a ele, não estava querendo brigar, ele recuou. Só neste momento foi que ele viu o verdadeiro motivo da minha parada. E, então, acenou com a mão para mim, como que pedindo desculpas.
          Depois que os cachorrinhos estavam em segurança, eu voltei ao carro, e pude, finalmente sair com o carro. Abri passagem para os carros atras de mim, ainda tentando ser gentil. Alguns segundos depois, o outro motorista passa por mim, e acena com a mão. Abaixa o vidro, e pede desculpas: "Eu não sabia o que estava acontecendo, não vi a cena completa. Perdão..."
          Aquele episódio despertou algo em mim. Algo me dizia que o que eu estava vivendo era apenas uma parte da cena. Assim como aquele motorista reclamava, porque não conseguia ver o motivo de aquilo tudo estar acontecendo, eu também reclamava sem saber o que fazer nos próximos dias. A minha vida era muito mais do que aquela cena confusa no trabalho. Havia ainda muito mais para perceber.
Pensei no meu filho. Aquele ser que tinha me trazido tanta alegria, e que dependia de mim para fazer tudo. Pensei na minha esposa, mulher adorável que fazia os meus dias tão alegres e cheios de vida. Pensei na minha família, amigos, irmãos...
          Fui para o trabalho mais confiante aquele dia. Percebi que minha vida era muito diferente daquela que a situação estava me mostrando. E, logo chegou a boa notícia: uma proposta de emprego, muito melhor que aquele que eu havia acabado de perder.
          Decidi não buzinar mais quando um quadro confuso é pintado à minha frente. Decidi esperar para ver a cena completa. Ela é sempre melhor do que parece.

Felipe Aguiar

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Jornal Guarda-Roupa da Fé (2ª Edição)

Olá, queridos leitores do nosso blog!

Nosso jornal já está no Segundo Número! Leitores de todas as partes já estão por dentro das últimas novidades acerca de VIAGENS, tema dessa edição.
Você pode ler o jornal online, no link abaixo, ou entrar em contato para distribuir para seus amigos, família, igreja, turma, e tudo mais.
O nosso contato é: guardaroupadafe@gmail.com

Aguardamos você!

Guarda-Roupa da Fé - 2ª Edição

sábado, 23 de abril de 2011

Ano que vem em Jerusalém

Jonathan e Raquel correram apressados para levar a pequena Sarah ao hospital, quando mal tinha terminado o ultimo cântico - LeShaná  HaBa’aB’Yerushalaim – (No ano que vem em Jerusalém) que sempre marcava o fim do Seder de Pessach ( Ceia de Páscoa) e reafirmava a confiança na redenção do povo judeu.  A febre não havia cedido. Ao contrario, aumentara cada vez mais.
Alguns meses depois, a febre ainda continuava.  Uma leucemia feroz tomava conta não só do corpo de Sarah, mas da saúde emocional de toda família. Tudo girava em torno dela, da busca de tratamentos mais avançados, da espera de uma medula compatível que pudesse ser doada.
 Certa noite, Rachel estava especialmente exausta, e Jonathan a mandara passar a noite em casa.  Como um patriarca, sentia-se na obrigação de ser forte, mas a verdade é que estava completamente devastado. Seus pais haviam sobrevivido ao holocausto, ao horror de Auschwitz. Vieram para o Brasil. Passaram todo tipo de dificuldades e do nada fizeram fortuna. Mas toda a força do puro sangue judeu daquela família parecia sucumbir agora. E Jonathan, impotente diante daquela doença, sofria sentindo-se também um covarde.
Foi quando um homem desconhecido chegou ao hospital. Disse-lhe que estava orando em casa e tivera uma visão. O Senhor Jesus o enviara para orar pela cura de sua filha. Para que ele acreditasse, disse-lhe também que Deus havia lhe revelado que ele perdera seu kipa (boina judaica) naquela manhã, e por isso não fora a sinagoga.
Jonathan assustou-se, pois ninguém sabia deste fato. Mesmo assim, iria lhe dizer que era judeu convicto e não cria nesse Jesus. Mas o cansaço lhe venceu. Não tinha forças para sequer argumentar. E afinal, era mais uma tentativa...
Permitiu que o homem orasse por Sarah.  Após a oração, o homem lhe disse então que o poder de Yavé Rafá (Deus que Cura) estava no nome de Yeshua HaMashiach (Jesus, o Messias). Que sua filha acordaria desinchada e em poucos dias receberia alta. Que ela nunca mais teria problema algum no sangue.
Tudo sucedeu exatamente conforme sua palavra. E não só Jonathan, mas toda sua família se converteu ao cristianismo.
                    Quando uma nova Peshac (Páscoa) se aproximou, Jonathan tentou falar com todos os seus amigos da sinagoga. O número de Gamaliel foi o último número que tentou, na verdade o último de quem ele esperava alguma resposta. Gamaliel nunca fora do seu circulo de amigos íntimos, apenas um membro da sinagoga que chegara à colônia a pouco tempo, preparando-se para ser rabino. No entanto foi o único que lhe atendeu.
-Shalom (A Paz)! Estou ligando para lhe desejar uma boa ceia, afinal é Pessach.  E obrigado por me atender.
Gamaliel respondeu com mansidão que era um mitsva (mandamento) amar os irmãos, e que apesar de tudo, ainda o considerava um irmão. Disse-lhe que soubera de tudo que aconteceu a Sarah. Defendia que deviam dar tempo ao tempo, pois se isso fosse da parte de Yavé permaneceria. Caso contrário, Jonathan deveria retornar e observar o Torah (conjunto de leis judaicas) com mais diligência.
Jonathan agradeceu a atenção mais uma vez. Era a primeira Pessach desde sua conversão, e sentia-se ainda confuso com tantas mudanças. Passara a vida guardando o shabat (sábado), rezando pela vinda do Mashiac (Messias), pela reconstrução do terceiro Bet Hamicdash (Templo Sagrado). Mas tudo se fizera novo para ele.
Na Igreja lhe explicaram na que não havia problema em celebrar uma ceia de páscoa em casa, que apenas deveria acrescentar ao sentido da Pessach a lembrança do sacrifício e da ressurreição de Jesus. Sentia falta da comunidade judaica, mas agora experimentava a Shalom (paz) como nunca antes. Começava a perceber que, como aquele homem  que nunca mais vira, tinha também o dom de curar em nome de Yeshua , e na Unção do Ruach HaKodesh  (Espírito Santo) podia conhecer fatos passados e saber de outros que ainda aconteceriam.
 Sentia um desejo forte de ir para a terra de seus antepassados, à sua terra, e unir-se a uma comunidade de judeus messiânicos. Assim como os antigos neviim (profetas), desejava anunciar a inauguração da B’rit Hadashaá (a Nova Aliança). Tinha um chamado missionário, como explicaram a ele. 
Ao ver Sarah brincando, sem nenhum sinal da doença, seu coração enchia-se de alegria e gratidão. Decidiu que este ano, além de afikomans (doces judaicos próprios da Páscoa), ela e Bejamim, seu filho mais velho, receberiam pela primeira vez ovos de chocolate.
Sim, ele iria testemunhar aos irmãos judeus tudo que lhe acontecera. Anunciar que da raiz de Davi, já chegara redenção. Que o descendente de Abraão fizera bendita todas as famílias da terra. Que Yeshua salva e cura. Sabia que não seria fácil, talvez por isso recebera dons tão extraordinários, mas  acima de tudo, confiava em Yeshua.
Estava decidido e contava com apoio de Rachel. Esta seria sua última Pessach no Brasil.
LeShaná  HaBa’aB’Yerushalaim-   No ano que vem em Jerusalém. 

Lenise Freitas

LeShaná  HaBa’aB’Yerushalaim - No que vem em Jerusalém, milenar canto judaico que reafirma a confiança no restabelecimento do Reino de Israel e do Templo de Jerusalém; Seder- ceia ; Pessach- Páscoa; Kipa-  pequeno chapéu em forma de circunferência usado por judeus como sinal de temor a Deus;  Yavé Rafa- Cura de Deus;  Yeshua HaMashiach- Jesus, o Messias; Shalom – Paz;  Mitzvah – mandamento; Torah- Leis sagradas do judaísmo; Shabat- sábado; Bet Hamicdash- templo judeu;  Ruach HaKodesh- Espírito Santo de Deus; Neviim – profetas; B’rit Hadashaá- Nova Aliança ; Afikomans- doces destribuídos na Páscoa judaica.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Páscoa


Pegadas de carvão que marcam o caminho, trilha a ser percorrida por crianças e adultos... Onde será que esse coelhinho escondeu nossos ovinhos? Quem nunca brincou de encontrar seu ovo da Páscoa? Ou quem nunca acordou pela madrugada para marcar com pedacinhos de carvão as pegadas do coelhinho? Bombons e mais bombons, filas intermináveis, uma correria maluca em busca do ovo perfeito... Será que isso tudo é um erro? Será que é algo banal? Ou desnecessário? Com toda certeza, não. Entretanto, resumir uma data tão importante em algo tão simplório, é de certa forma estar cego, ou pelo menos, míope.

Sabe, caro leitor, a celebração da Páscoa é muito mais do que chocolates e coelhinhos. Páscoa é vida, é um momento que devemos parar e refletir se, realmente, estamos exalando vida e manifestando a essência da ressurreição...  Atente-se para esta palavrinha dotada de um campo semântico perfeito, cheio de significados que devem ser transformados em prática.

Páscoa, nada mais é do que ressureição, que por sua vez aponta para o fato ou ato de se fazer reaparecer, tornar a viver...  Percebes? Tornar a viver. Quantos de nós deixamos que alguns sonhos ou desejos se perdessem pelo caminho; ou quem sabe, pessoas, sem querer, ou mesmo querendo, algumas vezes disseram palavras que nos magoaram, que nos marcaram... Ou ainda, uma situação difícil que podemos ter vivido... Enfim, seja o que for, só trará consequências duras e feias se assim permitirmos. O segredo está em não dar a essas “coisinhas” um lugar de destaque. O que houve, o que falaram, o ocorrido, tudo já passou; o que nos aguarda é o amanhã, é o novo, é a libertação de um passado de dor, de mágoas , de lembranças ruins, é a possibilidade de reescrever a história, a nossa história. É a habilidade inata que está dentro de cada um de nós de renascermos, de transformarmos as experiências ruins em crescimento, os deslizes em aprendizado e, se porventura, a realidade é cruel, que tal não desistir e caminhar em direção ao Cordeiro Pascoal.

O quadro que outrora estava turvo, confuso, nebuloso, que tal pintarmos uma bela paisagem? Isso, sim é Páscoa, esperança que brota, cresce e floresce. Então, permita-se viver a Páscoa, a nossa Páscoa!!! Pense nisso.

Com carinho
Franciane Santana

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Epifania

O trânsito para, um calor asfixiante, o suor escorre, minha mente não consegue se aquietar. Turbilhões de pensamentos percorrem minha cabeça. Sentimentos afloram e a inquietação ganha, não há como resistir. Ela é bem mais poderosa do que eu. Uma simples mortal eu sou, sem saída, sem recursos...
O que farei? Fui demitida...  Tanto me empenhei, mas foi em vão. A empresa precisava fazer cortes, contenção de despesas. Resolveram então, dispensar os mais novos da casa. Ah! Como eu sonhei com esta vaga! O trânsito anda um pouco, reparo no vendedor ambulante de água... Quantos iguais a ele não existem? Quantos se aventurando entre os carros tentando sobreviver, faça sol ou chuva? Lá estão eles... Mandada embora, eu? Sempre fui tão eficiente... Um menino me oferece balas, digo que não. Vê se pode! Fui despedida, estou angustiada, cheia de problemas, e ele vem me oferecer balinhas...
Diante de minha recusa, abaixa os olhos e se distancia. Fico olhando pelo espelho retrovisor, o menino se afastando. Um quadro se pinta... Por um minuto, acordo, desperto e me dou conta de quanto egoísta estava sendo... Poderia ter sido um pouco mais doce com aquele menino, que não deveria ter mais do que 6 ou 7 anos. Afinal de contas, sua realidade já era demasiadamente cruel...
Buzino, insisto. O menino olha, peço que volte com um aceno, e ele rapidamente está à minha janela:
- Oi, tia! Aquele “tia” ajuda o nó na minha garganta a se formar... Engasgada com o choro, digo que quero comprar toda a caixa de balas. O menino sem ação me olha, assustado, olhos grandes, tristes... Uma lágrima escorre pelo seu rostinho miúdo. Uma lágrima escorre também pelo meu. Dou a ele o dinheiro, pelo que ele agradece.
Os carros começam a buzinar, o trânsito flui. Lembro-me de um versículo da Bíblia que diz que aquele que pode fazer o bem e não faz, peca. Uma onda de satisfação, bem-estar, toma conta de mim. Sabe, o calor é o mesmo, o ambiente também, mas meu problema não é mais tão grande assim, diminuiu. Meus olhos se abriram, pude ver o que é infortúnio. E que eu, definitivamente, não estava mergulhada em um problema incontrolável, nem tão grave... Percebe? Aquele menino, tão pequeno, tão menino, será que ele consegue sonhar? Será que ele pensa em brincar? Será que ele tem brinquedos ou uma cama quentinha no inverno? Ah! Menino...
Agradeço a Deus, pois acordei! Meus olhos se abriram, as lentes caíram, a miopia teve fim, não doeu! Me sinto melhor, e com mais responsabilidade frente à sociedade. O trânsito anda...

Franciane Santana

segunda-feira, 7 de março de 2011

"Esse ano o carnaval vai ser diferente"

“Esse ano vai ser diferente...”

Assim pensava Joaquim, arrumando sua mala. Um ano depois de uma experiência que marcou sua vida pra sempre. Arrumava suas roupas, seus pertences em uma mala pequena e simples. Seriam quatro dias longe de sua casa, mas perto de seus amigos. Todos estavam juntos, e passariam os quatro dias conversando, trocando experiências e se divertindo.

Joaquim se lembrava bem de como estava há um ano atrás. Arruinado na vida financeira, na vida emocional e na vida espiritual, Joaquim havia se jogado de vez na folia do carnaval. Sua vida não lhe oferecia outras oportunidades de viver momentos de alegria... Sua família estava destruída, havia perdido seu emprego, estava de mal com Deus. Nada daquilo podia lhe satisfazer mais, e então ele buscou na última fonte que lhe sobrara. A ‘alegria’ do carnaval no Rio de Janeiro.

Mas, já no segundo dia, Joaquim não conseguia mais aguentar. Não parou um só minuto de beber, e os níveis de álcool no seu sangue atingiram números altíssimos. De repente, sua razão se perdeu, e junto com ela foi a sua consciência. Não apenas a consciência que o fazia raciocinar, mas a consciência de quem ele era. Joaquim sentia-se um nada. Não via sentido para continuar vivendo. “Se for pra viver desse jeito, prefiro morrer de tanto beber. Pelo menos vou morrer alegre...”, ele dizia. E continuava bebendo, até que desmaiou.

Durante os dias em que esteve em coma, Joaquim teve tempo para refletir e repensar sua vida. Lembrou-se das falas de sua mãe, quando ainda estava viva. Lembrava de que, quando menino, sua mãe o fazia orar todas as noites antes de dormir. Naquela época ele achava tudo muito chato, mas agora bem que ele sentia falta. Num instante, quis voltar àquela época. Quis abraçar de novo sua mãe e dizer-lhe que estava arrependido. Dizer que queria voltar a fazer essas coisas, mas não sabia como...

Quando acordou, a primeira coisa que viu no hospital foi uma Bíblia guardada na gaveta. Abriu na primeira página que lhe apareceu, e leu em voz alta: “Se, com a tua boca, o confessares como Senhor e, em teu coração, creres que Ele ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.” Entendeu na hora o que deveria fazer... Depois, procurou um telefone e ligou pra sua mulher. O casamento destruído foi o tema da ligação. Desculpas sinceras, palavras amigáveis, não mais brigas e discussões.

Joaquim terminou de arrumar sua mala. Sua esposa e seu filho já estavam esperando. Afinal, o ônibus saía às oito da manhã. O lugar era lindo. Atrações para todas as idades, desde seu filho até o seu pai, que também estava lá. Durante uma das reuniões, um amigo colocou a mão no seu ombro e lhe disse: “Você se lembra de um ano atrás, não lembra? Mas eu quero que você se veja daqui a um ano”...

Um ano depois, Joaquim não precisa arrumar malas. Vai ficar perto de casa mesmo. Seus amigos decidiram não ir a um sítio esse ano. Joaquim e seus amigos iam compartilhar suas experiências às pessoas que não viajavam no carnaval, os seus amigos de dois anos atrás. Quem sabe entre eles não exista algum outro Joaquim...

Felipe Aguiar

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Primeira Edição do Jornal Guarda-Roupa da Fé

Olá, leitores do Guarda-Roupa!

Nosso blog agora tem mais uma mídia para divulgar a literatura cristã: Um jornal!
Isso mesmo! O número 1 do nosso jornal está fresquinho! Acabou de sair!



Se você quiser ler a edição digital, o link está logo abaixo:

Guarda-Roupa da Fé - Edição 1

Se você gostaria de distribuir o jornal na sua igreja, escola, local de trabalho ou empresa, entre em contato. Nosso e-mail é guardaroupadafe@gmail.com . A distribuição é GRATUITA!

Abra a porta e fique à vontade!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Menino das Nações

- Onde está Danilo? Meu Deus! De novo?! Não acredito! Dessa vez a vara da goiabeira é que o encontra. Acabou minha paciência.
A tia Nini, nervosa, liga pra mãe dele.
- Regina, Danilo sumiu. De novo, saiu sem me avisar.
- Calma Nini. Já viu na casa do Ricardo? Liga pro porteiro, pede pra ficar de olho. Ele não pode ter saído do prédio. Já estou indo pra’í...
Danilo era um menino excelente, ótimo aluno, bom filho, querido por todos.
Tímido, gostava de ficar no seu quarto, lendo, escrevendo, recortando em revistas reportagens de lugares que não conhecia. Quanto mais longe melhor. Tão sossegado, podia ficar horas brincando com o globo terrestre, que ganhara no seu aniversário, a procura de lugares de que nunca tivesse ouvido falar. Tão obediente que esses episódios de rebeldia, sair sem avisar, definitivamente não combinavam com ele.
Ninguém entendia, aliás nem ele mesmo entendia por que fazia isso.
Uma vez se perdera no supermercado, só foi encontrado depois que lhe chamaram pelo sistema de som. O caso mais grave, no entanto, foi na praia. Que susto todos levaram! Minutos de angústia intermináveis, até que foi encontrado sozinho, num pier, observando os barcos que partiam em direção ao horizonte.
-Por que você faz isso Danilo? Não vê que me mata de preocupação? Parece que não gosta de mim! A tia o censurava dramática.
Danilo nada respondia, não entendia porque fazia isso, simplesmente parecia ser mais forte que ele.
-Não faz isso Danilo, que um dia você some por esse mundo de meu Deus. Não tem medo de não encontrar o caminho de volta?
Danilo nada respondia, ele realmente não entendia por que fazia isso.
O tempo passou depressa. Toda vez que chega um presente, um postal, tia Nini lembra dessas histórias.
Londres, França, Canadá. Espanha, Austrália, África do Sul, Polônia, Israel, Líbano, Portugal, Chile, Albânia, Nova Zelãndia, Mônaco e até este surpreendente Londrina-Paraná, sinal de que está por perto, que a qualquer momento pode chegar.
Danilo se transformou em um menino das nações. Antes, porém, se transformou em um menino de Deus. Um encontro com Jesus transformou sua vida pra sempre. Missionário, músico, escritor. Anda o mundo pregando o evangelho, socorrendo igrejas, ensinando como se adora em espírito e em verdade, impondo as mãos sobre enfermos.
Difícil saber onde ele está, nesse mundo de meu Deus. Mas em um ponto, tia Nini errou. Ele sempre encontra o caminho de casa.
Quando não volta, manda notícias, sempre avisa onde está. E hoje, cada vez mais, entende perfeitamente por que faz isso.


Lenise Freitas

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Nova página no Facebook

Olá, leitores do Guarda-Roupa da Fé! Agora temos uma página no facebook!
Estamos preparando várias promoções para quem curtir a nossa página!
Então, aproveite e passe lá no facebook para curtir a página!
Em breve teremos mais novidades... Aguardem!


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O Soldado e Eu


Estava eu e um grupo de mais ou menos 20 pessoas, há mais de 60 dias presos num prédio numa região altamente devastada pela guerra. Estávamos há tanto tempo confinados a um quarto escuro e sujo que nem sabíamos mais o que era a liberdade. Todos os dias os bandidos chegavam e nos deixavam aterrorizados. Nos tratavam mal, faziam ameaças. Nos diziam que nunca sairíamos dali, e que um dia, quando o chefe autorizasse, eles iriam matar a todos do jeito mais doloroso possível.

Era difícil para nós esquecer aquela cena que criávamos em nossa mente. Cena de homens arrombando a porta e nos torturando, mostrando toda a crueldade que um ser humano poderia ter. Então, quando os homens invadiram o prédio aquele dia, ficamos aterrorizados. O medo tomou conta de todos, e rapidamente nos juntamos em um canto da sala cheia de fumaça, fechando os olhos o mais forte que conseguíamos, na esperança de não ver a morte chegando.

De repente, eles gritaram: "Nós também somos brasileiros! Venham! Viemos salvar vocês!" É claro que não acreditamos. Os bandidos já tinham feito isso antes. Continuamos no nosso canto de olhos fechados. Mas, no meio daquela confusão, abri os meus olhos por alguns instantes. Pude ver os homens que estavam do lado de fora da sala, esperando que saíssemos, sem saber o que fazer. Até que um deles tirou a sua arma do braço, tirou sua roupa de soldado sua proteção e entrou pelo pequeno buraco que tinha sido feito para ser a nossa saída...


Ele se achegou aos poucos para onde estávamos, e como eu estava no canto, pude ver tudo claramente. Com os olhos fechados, ninguém percebeu que ele tinha vindo de fora. Ele sentou do lado da primeira pessoa, pegou na sua mão e lhe disse: "Eles são brasileiros mesmo, vieram nos salvar! Vamos, vamos! Precisamos sair daqui!" Aquela pessoa abriu os olhos com medo, e percebeu a verdade nos olhos dele, já que ele 'também era um deles'. Um por um, os prisioneiros sacudiam os braços um do outro, fazendo com que abrissem os olhos, e falavam a mesma coisa: "Eles também são brasileiros, e estão aqui para nos salvar!" A mensagem se espalhou, por causa daquele que, como nós, viu a salvação e avisou aos outros.

O soldado foi o primeiro a levantar-se, depois uma outra pessoa ficou em pé, e depois outra, e mais outra, até que todos nós levantamos. Todos queriam sair dali, e estávamos dispostos, agora, a deixar o lugar, seguindo as instruções dos soldados. A história termina com o grupo inteiro de reféns num helicóptero soldado brasileiro, sendo levados de volta a um lugar seguro, onde segurança, água e comida esperavam por nós.

Eu não gostava muito da história que os cristãos contavam, dizendo que tínhamos que seguir Jesus. Mas agora eu entendia o que os cristãos diziam com "Se esvaziou de sua glória e se fez um de nós, pra nos mostrar o caminho para a liberdade". Eu havia vivido isso. Agora eu vou contar aos outros reféns que chegou a ajuda...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Eu te ajudo, papai! Eu te ajudo, papai!


             Eu estava na sala de casa. Meu filho Samuel, de 2 anos, estava no seu quarto, enquanto eu consertava meu aparelho eletrônico. Até que Samuel vem e, olhando curioso para o que eu estava fazendo, diz:
- Papai, o que é isso?
- É coisa de adulto, filho. Estou consertando meu módulo eletrônico. Ele é muito importante para o trabalho do papai. Eu uso todos os dias, e hoje ele não está funcionando. Isso está atrapalhando o papai.
A essa altura, o equipamento estava ocupando grande parte do chão da sala, e os parafusos espalhados pelos cantos. Samuel, então, olha pra mim com aquele olhar que só ele tem e diz:
- Eu te ajudo, papai! Eu te ajudo, papai!
Ele saiu andando para o quarto. Pensei que ficaria ali, e não me atrapalharia com o conserto. Isso seria de grande ajuda, realmente. Mas eu fui surpreendido...
Samuel voltava do quarto, com todas as ferramentas de plástico que ganhou no Natal. Ele vinha andando, atrapalhado com todas aquelas chaves de fenda, chaves Philips, parafusos de plástico, se esforçando pra segurar tudo, e dizendo:
- Eu te ajudo, papai! Eu te ajudo, papai!
Você precisava ver. Eu precisava dar alguma coisa pra ele fazer. Não podia decepcioná-lo, tirando ele dali e levando para o quarto. Então, eu disse:
- Filho, ajuda o papai a pegar todos os parafusos...
Ele, rapidamente, começou a catar cada um dos parafusos que estavam no chão, enquanto eu continuava o trabalho. Depois de um tempo, ele conseguiu pegar todos os parafusos que estavam no chão, inclusive um que tinha caído no sofá do outro lado da sala. E vinha ele, andando com os parafusos nas mãos, e dizendo:
- Eu te ajudo, papai!
Ele estava tão empolgado que não viu a própria chave de plástico no caminho. E ele tropeçou, derrubando todos os parafusos no chão. Ao ver aquilo, não fiquei bravo, nem triste porque ele derrubou tudo. Ao invés disso, levantei o Samuel, o coloquei em pé, e comecei a catar novamente os parafusos.
Eu estava ali, concentrado em não perder nenhum dos parafusos, porque eles seriam importantes na montagem do módulo depois. E, enquanto eu fazia isso, Samuel subia no módulo que ainda estava desmontado, e com a melhor cara de felicidade, pulava em cima do equipamento e cantava:
- Eu te ajudo, papai! Eu te ajudo, papai!
Naquele momento, eu ouvi uma voz doce falando comigo:
- Sabe, filho, o que eu amo em você não é sua capacidade de me ajudar. Até porque, quando você tenta, você acaba estragando tudo. O que eu amo em você, filho, é a sua disposição em fazê-lo. Agora, deixe a tarefa comigo, e vá brincar no seu quarto...

Inspirado numa estória contada por Jason Upton

Felipe Aguiar