Eu estava na sala de casa. Meu filho Samuel, de 2 anos, estava no seu quarto, enquanto eu consertava meu aparelho eletrônico. Até que Samuel vem e, olhando curioso para o que eu estava fazendo, diz:
- Papai, o que é isso?
- É coisa de adulto, filho. Estou consertando meu módulo eletrônico. Ele é muito importante para o trabalho do papai. Eu uso todos os dias, e hoje ele não está funcionando. Isso está atrapalhando o papai.
A essa altura, o equipamento estava ocupando grande parte do chão da sala, e os parafusos espalhados pelos cantos. Samuel, então, olha pra mim com aquele olhar que só ele tem e diz:
- Eu te ajudo, papai! Eu te ajudo, papai!
Ele saiu andando para o quarto. Pensei que ficaria ali, e não me atrapalharia com o conserto. Isso seria de grande ajuda, realmente. Mas eu fui surpreendido...
Samuel voltava do quarto, com todas as ferramentas de plástico que ganhou no Natal. Ele vinha andando, atrapalhado com todas aquelas chaves de fenda, chaves Philips, parafusos de plástico, se esforçando pra segurar tudo, e dizendo:
- Eu te ajudo, papai! Eu te ajudo, papai!
Você precisava ver. Eu precisava dar alguma coisa pra ele fazer. Não podia decepcioná-lo, tirando ele dali e levando para o quarto. Então, eu disse:
- Filho, ajuda o papai a pegar todos os parafusos...
Ele, rapidamente, começou a catar cada um dos parafusos que estavam no chão, enquanto eu continuava o trabalho. Depois de um tempo, ele conseguiu pegar todos os parafusos que estavam no chão, inclusive um que tinha caído no sofá do outro lado da sala. E vinha ele, andando com os parafusos nas mãos, e dizendo:
- Eu te ajudo, papai!
Ele estava tão empolgado que não viu a própria chave de plástico no caminho. E ele tropeçou, derrubando todos os parafusos no chão. Ao ver aquilo, não fiquei bravo, nem triste porque ele derrubou tudo. Ao invés disso, levantei o Samuel, o coloquei em pé, e comecei a catar novamente os parafusos.
Eu estava ali, concentrado em não perder nenhum dos parafusos, porque eles seriam importantes na montagem do módulo depois. E, enquanto eu fazia isso, Samuel subia no módulo que ainda estava desmontado, e com a melhor cara de felicidade, pulava em cima do equipamento e cantava:
- Eu te ajudo, papai! Eu te ajudo, papai!
Naquele momento, eu ouvi uma voz doce falando comigo:
- Sabe, filho, o que eu amo em você não é sua capacidade de me ajudar. Até porque, quando você tenta, você acaba estragando tudo. O que eu amo em você, filho, é a sua disposição em fazê-lo. Agora, deixe a tarefa comigo, e vá brincar no seu quarto...
Inspirado numa estória contada por Jason Upton
Felipe Aguiar
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