terça-feira, 27 de julho de 2010

O que eu sei da vida? O que eu conheço do mundo?

Eu tenho um parente que há pouco fez oitenta anos e acabou de compartilhar comigo que ela está com medo de morrer. Eu me sento perto dela há anos para ouvir da sua experiência e tentar trazer-lhe conforto. Eu tento trazer conforto a ela, mas o que eu sei da vida? O que eu conheço do mundo?

Ela cresceu cantando sobre a glória, e poderia testemunhar como Jesus mudou sua vida. Durante sua vida inteira ela foi uma cristã fiel, e nunca se ouviu maldição nenhuma saindo de sua boca. Porém, era fácil ter fé quando ela tinha trinta e quatro anos, mas agora seus amigos estão morrendo, e morte está à sua porta. Mas o que eu sei da vida? Realmente, o que eu conheço do mundo?

Ela perdeu o seu marido depois de sessenta anos, e quando ele se foi ela ainda tinha coisas para dizer. Tinham coisas para viver juntos, tinham coisas para ver juntos. A morte pode ser tão inconveniente! Você tenta viver e amar, ela vem e interrompe. Mas o que eu sei da vida? O que eu conheço do mundo?

Eu não sei se há harpas no céu, ou o processo para ganhar suas asas lá, se é que ganharemos asas. Eu não sei se há um coral no céu, ou o que faremos por lá. Eu não conheço nada sobre luzes luminosas no final de túneis, ou quaisquer dessas coisas que ouvimos falar sobre a vida após a morte.

Mas uma coisa eu sei, e é isso que acredito acima de qualquer circunstância. Isso é o que me faz viver uma vida com propósito aqui nesta Terra, sabendo que este é só o início da minha vida eterna.

Eu sei que estar ausente deste corpo é estar presente com Deus. E pelo que eu conheço dele, isso deve ser muito bom.


Inspirado num falecimento na família e adaptado de uma canção de Sara Groves

Felipe Aguiar

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Meu Pastor é Bossa Nova

Bem vindos ao Rio de Janeiro!

Esta é a senha, meu Pastor vai cantar bossa nova. É bom avisar que a maioria das músicas são dele mesmo, além de cantar, ele compõe bossa nova. Ele mesmo é bossa nova, seu nome: Edimilson Nunes.

A Bossa Nova foi um movimento musical iniciado no finzinho da década de 50, que contrastava com o senso comum de que era preciso ter um vozeirão, uma postura dramática para cantar. Os dós de peito de Ângela Maria, Dalva de Oliveira, Emilinha, Cauby Peixoto cediam a vez pra voz suave e doce de Nara Leão, Vinicius de Moraes, Tom Jobim.

Fazendo o caminho inverso, a bossa nova surgiu nas casas, em reuniões de amigos e ganhou as rádios, os meios de comunicação. De um jeitinho meio que conversando ao invés de cantar, de mansinho, devagarinho, Desafinado, com um Samba de uma nota só , a Garota de Ipanema, mandou dizer que Chega de saudade, Além do horizonte existe um lugar !

A bossa nova foi ganhando o mundo. Ganhou e permanece até hoje, seja na abertura das novelas de Manoel Carlos, nos aeroportos, no mundo inteiro referência de um país.

Meu Pastor também surgiu meio que assim, todo mansinho, falando baixinho , ele mesmo é pequenininho, da estatura de um TL Osborn, um RR Soares.

Não veio da turma de Campina Grande, fez um caminho inverso. Mas pouco a pouco foi mostrando seu valor e provando que sim, todo mundo pode brilhar desde que tenha a Motivação Certa. Não é preciso sobrenome, ter um vozeirão, estar nas rádios, na TV, basta um banquinho, um violão, uma choupana pra começar.

O povo gostou da idéia, entendeu a palavra e se juntou a ele. Agora é uma turma grande. Gente comum que decidiu acreditar que pode fazer diferença no mundo, que podem cantar, pregar, compor, viajar, escrever livro. Por falar em livro, Pedra de Guaratiba ( o bairro do meu Pastor) pode não ser nenhuma Ipanema, Copacabana, mas já mostrou que também fica bem na foto, dá pra capa de livro, linda, linda.

E assim meu Pastor vai ganhando o mundo, agora está indo pra Angola, vai cantar bossa nova por lá. Vai falar do amor de Deus e ensinar sobre a Unção Pastoral na primeira Escola de Ministros do Continente Africano. Eu achava que pra dar aula na Escola de Ministros, tinha que ter cursado a Escola de Ministros. Mas meu Pastor Bossa Nova é assim mesmo, ele quebra paradigmas, ele pode tudo naquele que o fortalece.

Ah, Edimilson, se todos fossem iguais a você!

A gente já está com saudade, mas Aurinha, sua esposa vai ficar cuidando da gente. Nós estamos mandando o Magno pra acompanhá-lo e se encarregar de trazê-lo de volta.

Daqui a pouco ele está de volta, sentado no meio do povo, fazendo visitas, ministrando, supervisionando as Igrejas Verbo da Vida do Rio de Janeiro que não param de aumentar, gravando seu cd (eu não contei? Ele está gravando um cd de bossa nova.), lendo Guarda-Roupa da Fé, e cantando nas nossas festas:

“Se tenho a Palavra, se tenho a Unção, se tenho Jesus dentro do meu coração,

Nada impossível me será, esperança em Deus não desaponta.

Se a pressão é pra parar a gente avança.”

Sempre com a voz mansinha que suas ovelhas conhecem e seguem, com aquele sorriso que quebra a gente no meio.

Deu vontade de conhecer? Venha pra Pedra de Guaratiba!

Bem- vindos ao Rio de Janeiro!

Lenise Freitas

sexta-feira, 9 de julho de 2010

“Estou em lua-de-mel comigo mesmo” – A história de João

João era um menino querido por todos. Mas não por si mesmo. Muitas coisas, durante toda a sua vida, lhe deram motivos para tanto amar sua vida quanto odiar. Apresentações fora de hora, decepções inesperadas e atitudes impensáveis deixaram João muito descontente. Ele não estava satisfeito com sua vida. Ele queria algo mais, ele queria preencher aquela lacuna que parecia que estava vazia...
Até que Abba chegou. Abba foi muito importante durante o processo de recuperação da auto-estima de João. Foi durante este processo de conhecimento que João passou a gostar do mundo à sua volta. O ambiente ficou agradável, a luz do sol parecia brilhar mais forte no seu dia. De alguma maneira, Abba pareceu a João como que a lente de contato ajustada no grau ideal para que ele enxergasse claramente o mundo ao seu redor. Foi uma experiência tão incrível que João não poderia nunca mais ser o mesmo.
A outra mudança, não menos importante, foi ocasionada pelo espelho. De alguma maneira, usar as lentes corretas fizeram João se enxergar de outro modo. Ele percebeu que, por mais que as associações que ele havia feito fossem importantes e duradouras, talvez, o casamento que ele nunca mais poderia se desfazer de verdade era o casamento dele consigo mesmo.
Virginia Woolf havia tentado se separar de sua “alma”, representativa de um sub-consciente formado pela sociedade e suas imposições. E ela se suicidou. A “alma” de Woolf era sua própria vida. Não havia separação. Dorian Gray (Oscar Wilde) tentou se separar de si mesmo, escondendo sua alma em uma pintura para que ela não sofresse o dano de suas atitudes inconsequentes. E, em busca de liberdade, achou a escravidão em seus pecados. Não era possível para João escapar de si mesmo. Mas era possível aceitar-se.
Não que João fosse perfeito, mas ele precisava admitir que não era, e trabalhar para que seus defeitos fossem ajustados. Afinal, “verdadeiramente é um erro estar cheio de faltas, mas é um erro ainda maior estar cheio delas e não desejar reconhecê-las” (Pascal). E começava mais uma descoberta dentro de João.
Ele descobriu que precisava resolver os conflitos inerentes à sua relação consigo mesmo. Ele precisava decidir amar aquele a quem ele deveria estar ligado pra sempre. E, pela primeira vez, João foi feliz. Não era uma alegria temporária e apaixonada. Era uma alegria diferente, “vibrante, mas cheia de paz” (L. Freitas). É claro que pessoas ajudaram a se sentir melhor consigo mesmo. Pessoas até foram enviadas com esse propósito. E fizeram ver o casamento lindo que João se tornara. Ele consigo mesmo, aceitando, surpreendendo, acreditando.
E, enfim, João está em lua-de-mel consigo mesmo. Em suas próprias palavras, nunca me senti tão livre! Nunca desfrutar de sua própria presença foi tão prazeroso. Nunca João percebera quanto valor ele tinha. E quanto brilho as lentes opacas e escuras da falta de aceitação haviam roubado de sua vida. Mas tudo era diferente agora.

Felipe Aguiar