Nesse semestre da faculdade, em Literatura Inglesa estudamos o livro supracitado. A princípio, o livro me pareceu nada atraente. Mas, como eu teria que ler de qualquer jeito, pesquisei um pouco e vi que havia sido lançado um filme ano passado. Então, assisti. E gostei muito. Depois, lendo o livro e participando de discussões em sala, cheguei a algumas conclusões. Não espero que você as tome para si mesmo. Mas, espero que considere-as como elas merecem ser consideradas
Aviso ao leitor: Começo a partir daqui a levar em conta que os princípios que usarei nesse texto sejam de aceitação do leitor (Na maioria dos casos, tirei conclusões a partir da Bíblia). Deus, como ser supremo, parte do princípio que “aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe...” Deus não precisa (e não o faz) ficar provando a sua existência. Ou você acredita, ou desiste da ideia. Esse texto só fará sentido pra você se você crer, ou seja acreditar. Se você não acredita, ainda dá tempo...
O primeiro ponto que quero abordar é o mal versus o bem. Não é um discurso simplesmente maniqueísta, mas é uma verdade que, no fundo, todos sabemos que é. A todo tempo, no mundo em que vivemos, temos que aprender a ter controle sobre nós mesmos. Nascemos e aprendemos a ter controle sobre nossas necessidades fisiológicas. É natural, não é? Vamos crescendo, e dependendo daquilo que recebemos (seja criação, seja capital cultural, o que seja!!!), vamos aprendendo a fazer escolhas. Porém, no fundo de nossa consciência (a qual eu não acredito que seja apenas uma construção social) Essas escolhas, em algum momento, passa pelo certo e pelo errado.
Vou citar C.S. Lewis, um dos filósofos mais respeitados do século XX (e, particularmente, o que eu quero ser quando crescer...):
“O mais extraordinário, porém, é que, sempre que encontramos um homem a afirmar que não acredita na existência do certo e do errado, vemos logo em seguida este mesmo homem mudar de opinião. Ele pode não cumprir a palavra que lhe deu, mas, se você fizer a mesma coisa, ele lhe dirá "Não é justo!" antes que você possa dizer "Cristóvão Colombo". Um país pode dizer que os tratados de nada valem; porém, no momento seguinte, porá sua causa a perder afirmando que o tratado específico que pretende romper não é um tratado justo. Se os tratados de nada valem, se não existe um certo e um errado - em outras palavras, se não existe uma Lei Natural —, qual a diferença entre um tratado justo e um injusto? Será que, agindo assim, eles não deixam o rabo à mostra e demonstram que, digam o que disserem, conhecem a Lei Natural tanto quanto qualquer outra pessoa? Parece, portanto, que só nos resta aceitar a existência de um certo e um errado. As pessoas podem volta e meia se enganar a respeito deles, da mesma forma que às vezes erram numa soma; mas a existência de ambos não depende de gostos pessoais ou de opiniões, da mesma forma que um cálculo errado não invalida a tabuada, Se concordamos com estas premissas, posso passar à seguinte: nenhum de nós realmente segue à risca a Lei Natural.”
E é por aí que eu quero começar. Vou acabar entrando em outros temas, mas tudo bem. Você entende!
A natureza do homem é má. Não a princípio, mas como resultado. Quando uma criança nasce, ela é o exato retrato da pureza e ingenuidade. Não podemos dizer que uma criança que não fala, não entende nada muito além de um bilu bilu e um seio da mãe, seja má. Não é. Só que, como falei, a partir de uma certa idade, a criança perde a inocência. Ela escolhe fazer o algo errado. Ela escolhe bater no coleguinha, ou escolhe mentir pra professora... Ela ESCOLHE. E a partir daí, a sua natureza é corrompida. O seu ser passa a ser, então, pecador. E a partir daí, se ela não for regenerada, ela continua sendo pecadora, com a natureza deformada.
Agora, eu concordo que o bem e o mal estão dentro de você. Claro! Você pode escolher. Você pode aceitar a sugestão daqueles que estão à sua volta, que vivem na mesma situação que você, e passar a viver a partir de algo que está em você, como o Dorian. Agora, não venha me dizer que você não tem escolha.
Um outro ponto que quero abordar é a MORAL. E para isso, vou citar de novo C.S. Lewis:
“And I am afraid that is the sort of idea that the word Morality raises in a good many people's minds: something that interferes, something that stops you having a good time. In reality, moral rules are directions for running the human machine. Every moral rule is there to prevent a breakdown, or a strain, or a friction, in the running of that machine. That is why these rules at first seem to be constantly interfering with our natural inclinations. When you are being taught how to use any machine, the instructor keeps on saying, "No, don't do it like that," because, of course, there are all sorts of things that look all right and seem to you the natural way of treating the machine, but do not really work.”
A Lei Natural, ou moral, está presente em todos os seres humanos. Vou dar um exemplo. Quando você faz algo errado, ou que foge às normas de atitude que você escolheu, e alguém descobre, você não tenta dar uma desculpa para se justificar? Por quê? Se você tomou aquela atitude sem pensar, sem querer, o que seja, você SABE que fez algo errado. A base da moral não é o “terror da sociedade”, como Harry diz. A moral é construída com os nossos valores, inerentes ao ser humano, e que em algum momento do caminho, deixamos de seguir. Como está acima, imagine um país onde a moral seja louvar aquele que comete assassinato? Acho que em pouco tempo esse país se acabaria...
É claro que todos nós erramos. Eu não estou dizendo que sempre fazemos a coisa certa. Mas, de alguma forma, sabemos se o que fazemos é bom ou ruim. Sabemos que, se tentamos derrubar uma pessoa com a intenção e não conseguimos, somos mais culpados do que se conseguíssemos derrubá-la sem querer, ou sem a intenção. Você SABE. E a pessoa, se ela entender os fatos antes de devolver o empurrão, também vai SABER se você está certo ou não.
Agora, não posso deixar de falar que há uma saída. Mas pra isso, você precisa nascer de novo. E, usando as palavras de Jesus, não da carne nem do sangue. Não é um nascimento natural, é um renascimento por dentro. Você passa a fazer parte de uma outra natureza, que não é pecadora, e que tem o erro como acidente, e não algo que faz parte de sua natureza. (Se quiser saber mais, leia Romanos 3:23, Romanos 6:23, João 3:3, João 14:6, Romanos 10:9-11, 2 Coríntios 5:15 e Apocalipse 3:20.)
Outro ponto que quero debater é a morte. A morte é, sim, liberdade. Só que, não no caso de Dorian, que vai viver eternamente colhendo os frutos do mal que plantou na Terra. A morte é LIBERDADE para aqueles que sabem pra onde vão. E nem adianta tentar me convencer que a vida acaba aqui na Terra, porque você sabe (SABENDO) que não acaba aqui. Se você não sabe pra onde vai você tem medo, como o Dorian. Agora, quando você sabe, e tem certeza (não tem outro jeito, é acreditando mesmo) de que você vai enfrentar a morte como uma experiência libertadora, você não tem medo. Eu não tenho medo da morte, de verdade, porque eu SEI pra onde eu vou. Eu tenho certeza que me farei livre de tudo que esta terra tem que me prende. Eu tenho certeza de que “se eu acho em mim mesmo desejos que nada nesse mundo pode satisfazer, eu só posso concluir que eu não fui feito para estar aqui” (C.S. Lewis via Brooke Fraser).
Outro ponto: Uma vida de prazer não traz felicidade. Isso é claro em Dorian Gray. E é muito mais claro ainda que nós, seres humanos, fomos quase que “programados” para sermos felizes. Faz parte de nossa natureza. É por isso que nosso corpo reage quando perdemos num jogo. Ele registra aquilo pra sempre, para que não se repita. Quem ganha não se lembra, porque foi feito pra ganhar. Todos nós fomos. E fomos feitos para sermos felizes. Então, depois de procurar a felicidade (porque ele ESTAVA PROCURANDO, com certeza. Todos estamos.) no prazer, na experiência, Dorian descobriu que nada daquilo trazia felicidade a ele. E morreu infeliz.
Outro: Não se deixe ser objeto de estudo de ninguém, além de você mesmo. Você pode descobrir coisas perigosas sobre você mesmo... rsrs. Você, que não “sabe tudo” e nem “sabe nada” é interessante, tá. Não acredite em quem acha que não sabe nada ou “sabe tudo”.
O último, e talvez mais importante é: tome cuidado com quem você anda. O livro mostra de forma ótima o nível de influência que uma pessoa pode ter sobre outra. No caso, Harry influencia Dorian para o mal. E ele aceita. E passa a viver de idéias que nem mesmo Harry tem coragem de viver. Como um marionete, ele aceita a sugestão e se “dá mal” no final.
E, gente, tenho que reconhecer, que estava parcialmente equivocado sobre o “homoerotic” rsrss. Reconheço que, no final do capítulo IX, Dorian faz a sua leitura de Basil (“amizade colorida por romance”). Nem Basil, nem Harry falam algo parecido em nenhum outro ponto da narrativa. Agora, em muitas passagens, eles dizem: I worship you, I adore you. Isso pra mim não é nada erotismo. É idolatria mesmo. E eu ainda acho que o meu amor por meu pai e por meus amigos não tem nada de homoerotic, e que eu não preciso associar tudo que eu vivo com sexo, seguindo ao pé da letra as idéias de Freud. Pra mim, o mundo é muito maior que sexo.
Pra você que chegou até aqui, desculpe pelas muitas palavras. E parabéns por chegar ao final de um texto tão longo. Espero que tenha gostado. E comente, por favor!
Felipe Aguiar
Já li este livro duas vezes e certamente lerei de novo, pois a manipulação de Harry em cima de Dorian e a satisfação de Dorian em ser manipulado me fascinaram. É impressionante o quanto um ser humano pode mudar por causa de influências de outros. Esse livro é realmente um clássico.
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